Basta um gatilho para que os pensamentos de um assunto específico venham acompanhados de taquicardia, preocupação em excesso, medo irracional, nó na garganta e a sensação de que se o problema não for resolvido, será o fim do mundo. Se identificou?
Muita gente se identifica! São sinais típicos de uma crise de ansiedade, que parece se alastrar como um dos males do nosso século – e intensificada com o período pandêmico.
Eu sempre fui uma pessoa ansiosa e isso nunca foi um problema… Por vezes, soube usar esse sentimento como um impulsor para viver a minha vida, fazer as minhas coisas e ter minhas conquistas. A sensação de não conseguir me aquietar me trouxe coisas importantes e me fez evoluir e crescer. Mas vou contar a vocês uma experiência pessoal de como isso se transformou no ano passado.
Ao passar por uma forte crise de sinusite, tive que recorrer à ajuda médica. E não era o melhor período para ir a um hospital: como sabemos, o distanciamento social é nossa maior medida protetiva e o contato médico oferecia um grande risco de contaminação. Mas quando o corpo pede, não tem jeito, eu tive que ceder. O médico que me atendeu me pediu um isolamento de 15 dias, já que ele provavelmente estava contaminado – e eu também.
Fui realizar meu isolamento em Itu. Ali, minha visão sobre como lidar com a ansiedade começou a mudar. A preocupação do contágio de uma doença ainda desconhecida, o medo da morte e a angústia com o excesso de notícias apavorantes me dominaram. Então, o diagnóstico logo veio: crise de ansiedade.
Posteriormente, descobri que nunca estive infectada. Mas pude perceber como este é um período cruel para a nossa saúde mental. Para diversas pessoas, e me incluo, nossos gatilhos para medos e preocupações se intensificaram na pandemia e já tive 4 crises desde o início dela. O que fazer diante deste cenário?
Viver uma vida sem neura! Vou explicar sobre essa minha filosofia para vocês. Viver sem neura está longe de ser uma vida perfeita, sem preocupações. Viver sem neura é uma forma de encarar os nossos medos, lidar com eles e superá-los. O primeiro passo é saber que não estamos sozinhos – e que não temos o controle de tudo. Ansiedade é um problema em que ocorre um desequilíbrio orgânico que afeta nossa saúde mental. Você pode – e deve – contar com ajuda profissional para tratar essa condição e aprender a identificar os gatilhos que desencadeiam as crises.
E, neste caminho, aprendemos sobre autoconhecimento. Vocês acham que é fácil reduzir a intensidade? Desconectar do mundo e viajar para dentro não é simples, mas é necessário. Precisamos priorizar atividades que nos ajudem a nos reconectarmos com o nosso interior, nossa essência. Fora desse papo motivacional e mantendo os pés no chão, precisamos encontrar tempo para descansarmos e praticar algo que nos deixe, verdadeiramente, felizes.
Porque viver sem neura é trocar o ‘sobreviver’ por viver. E viver bem, gente, vale muito a pena!
