Pais necessários – mas nem tanto – são os melhores

Pais necessários – mas nem tanto – são os melhores

Você é um pai ou uma mãe necessário demais? Pois eu te digo que é melhor ser um pouco menos necessário!

Nós temos essa ânsia de pertencimento. Todos nós queremos nos sentir ‘necessários’ em algum sentido. É dessa ânsia que partem diversas boas atitudes, como a generosidade, a proatividade e, também, a produtividade. Mas quando há necessidade demais e, pior, quando ela é projetada sobre os nossos filhos, deveríamos ter um outdoor alertando: perigo!

Sempre achei problemático a maneira como crianças e pré-adolescentes são destituídos de autonomia em detrimento de uma imposição de seus pais. “Eu quero que meu filho seja assim”, “eu não quero que meu filho faça isso”, “eu dou o que eu não tive, portanto ele deve ser grato”. Pense bem: o que você espera do seu filho tem mais a ver com o que ele é e pretende ser ou com o que você gostaria de ter sido e não foi?

Isso não é uma crítica. Afinal, maternidade e paternidade são tão individuais e particulares que seria impossível ditar uma regra de “o que fazer e como fazer”. Mas essa reflexão sobre os nossos filhos é fundamental, pois ela deve partir da gente: até que ponto nós, enquanto pais, somos a solução? E até que ponto nós somos o problema?

Quando digo que é importante sermos pais menos necessários, quero dizer que é importante – e até mesmo um grande ato de amor – que deixemos nossos filhos aprenderem e exercerem sua autonomia. Sabe aquela velha frase de “eu nem sempre vou estar por aqui”? Ela deve ser uma máxima! Seu filho nem sempre poderá contar com você, e isso é bom e importante para ele. Ele deve aprender a lidar com os próprios erros e frustrações, pois isso é parte de um crescimento saudável e irá ajudá-lo a desenvolver diversas qualidades próprias. E quer saber o que eles aprenderão de mais importante? Resiliência.

Resiliência para entender o motivo pelo qual suas expectativas não condiziam com a realidade. Resiliência para aprender com os próprios erros. Resiliência para se aperfeiçoarem não só enquanto estudantes e futuros profissionais, mas enquanto seres humanos falhos, que aprendem algo novo a cada tropeço.

Não seja necessária(o) 100% do seu tempo. Não crie neuras para ser o pai ou a mãe perfeita(o). Entenda que seu filho tem seus próprios pensamentos, anseios e uma cultura diferente da sua, que ele acumula por fazer parte de círculos sociais diferentes dos seus. E está tudo bem com isso: respeite a personalidade do seu filho. Saiba que mais do que sua interferência, ele precisa do seu apoio para trilhar um caminho em busca do seu próprio propósito.

E, no fim, o amor é sobre isso: respeitar e acolher a diferença do outro, e não atropelar seu caminho, mas trilhá-lo ao seu lado. Seja desnecessário para emponderar o seu filho, essa será uma grande lição que ele levará para o resto da vida.